sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Azar do dia: I don't believe in God, but he insists on believing in me.
Assim falou Zaratustra:

Mitologia: a religião dos outros.
Religião: mitologia mal-compreendida.
Pílulas sem sabedoria:

1- A diferença entre Deus e o Diabo é que Deus sempre tem uma boa desculpa quando faz merda.

2- A dúvida sincera é melhor que a fé coagida.

3- Os suicidas é que sabem viver.

domingo, 14 de novembro de 2010

Pílulas sem sabedoria:

1- Minha eva mitocondrial é a mesma que a sua.

2- Einmal ist keinmal.

3- Quando tudo estiver perfeito, é porque alguma merda vai acontecer.

domingo, 24 de outubro de 2010

Azar do dia: Todas as canções são de amor, e todo amor tem um fim.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Azar de hoje: A liberdade é a mais cruel tirania que o homem já se auto-infligiu.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Azar do dia: Deus e o diabo são irmãos, de mesmo pai e mesma mãe: um coração corrupto e uma mente ingênua.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Azar do dia: A sensação de que te falta alguém é sempre melhor que a sensação de sobrares a alguém.

domingo, 15 de agosto de 2010

Azar do dia: Há dois tipos de pais - aqueles que são andaimes para que seus filhos construam, e aqueles que usam seus filhos como andaimes para construírem eles mesmos.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Azar do dia: Por que é que dizem que existem cinco sentidos se eu não consigo encontrar nenhum?

domingo, 27 de junho de 2010

A lógica das promessas é uma coisa engraçada. O santo só vira santo porque era uma pessoa muito boa. Mas depois que vira santo, só faz qualquer coisa em troca de favores.
A vida não passa de uma grande sacanagem. Uma sequência ininterrupta de dilemas sem escolha certa que só servem pra fazer você se sentir frustrado e culpado. Todas as escolhas estão erradas.

domingo, 6 de junho de 2010

Azar do dia: O direito à vida, sem o direito à morte, não é um direito, e sim uma obrigação.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A sutil arte de manipular pessoas fazendo com que elas pensem estar no comando

A democracia é uma farsa. Quem acredita na democracia está iludido, ou é um hipócrita. Sua premissa básica de dar o poder ao povo é falsa. O povo escolhe representantes, mas esses representantes nunca governam de acordo com a vontade do povo. Se o povo pudesse tomar, através de referendo, todas as decisões que cabem a esses representantes, qualquer país chamado democrático seria lançado ao caos. Logo, os representantes não governam para o povo. Governam para manter o sistema. E o sistema, por sua vez, tem por função manter em suas posições a aristocracia política e burguesa, assim como a classe baixa. Aristocracia no topo, pobres na base. Isso soa familiar. Ah, é mesmo. É um sistema feudal.
Gente é uma merda.

domingo, 23 de maio de 2010

Azar do dia: Se o diabo é o pai da mentira, a religião é a mãe.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Azar do dia: Toda fé é cega.

sábado, 15 de maio de 2010

Se todos andassem armados e sempre reagissem violentamente, nenhum ladrão teria coragem de assaltar.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Assim falou Zaratustra: – Não posso, aqui, prescindir de uma psicologia da “fé”, do “crente”, em proveito, como é justo, dos próprios “crentes”. Se hoje há alguns que ainda não sabem quão indecente é ser “crente” – ou quanto isso indica decadência, falta de vontade de viver –, amanhã eles o saberão. Minha voz alcança até os surdos. – Parece-me que entre cristãos, se não compreendi mal, prevalece uma espécie de critério da verdade chamado “prova de força”. A fé beatifica: logo, é verdadeira”. – Poderia-se objetar que a beatitude não é demonstrada, mas apenas prometida: sustenta-se na “fé” enquanto condição – será beatificado porque crê... Mas e aquilo que o padre promete ao crente, aquele “além” transcendental – como isso pode ser demonstrado? – A “prova de força”, no fundo, não passa da crença de que os efeitos prometidos pela fé se realizarão. – Numa fórmula: “Creio que a fé beatifica – logo, ela é verdadeira”... Mas não podemos ir além disso. Esse “logo” já é o próprio absurdum transformado em critério da verdade. – Contudo, por cortesia, admitamos que a beatificação através da fé tenha sido demonstrada (– não meramente desejada, não meramente prometida pela suspeita boca de um padre): mesmo assim, poderia a beatitude – dito em forma técnica, o prazer – ser uma prova da verdade? Dista tanto de sê-lo que a influência das sensações de prazer sobre a resposta à questão “Que é a verdade?” praticamente constitui uma objeção à verdade, ou, em todo caso, é suficiente para torná-la altamente suspeita. A prova do “prazer” prova o “prazer” – nada mais; por que se deveria admitir que juízos verdadeiros geram mais prazer que os falsos e que, em conformidade a alguma harmonia preestabelecida, necessariamente trariam consigo sensações de prazer? – A experiência de todas as mentes profundas e disciplinadas ensina o contrário. O homem teve de lutar bravamente por cada migalha da verdade; teve de sacrificar quase tudo aquilo em que se agarra o coração humano, o amor humano, a confiança humana na vida. Para isso é necessário possuir grandeza de alma: o serviço da verdade é o mais duro dos serviços. – O que significa, então, a integridade intelectual?
Significa ser severo com seu próprio coração, desprezar os “belos sentimentos” e fazer de cada Sim e de cada Não uma questão de consciência! – A fé beatifica: logo, ela mente...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Assim falou Zaratustra: Chama-se cristianismo a religião da compaixão. – A compaixão está em oposição a todas as paixões tônicas que aumentam a intensidade do sentimento vital: tem ação depressora. O homem perde poder quando se compadece.
Através da perda de força causada pela compaixão o sofrimento acaba por multiplicar-se. O sofrimento torna-se contagioso através da compaixão; sob certas circunstancias pode levar a um total sacrifício da vida e da energia vital – uma perda totalmente desproporcional à magnitude da causa (– o caso da morte de Nazareno).
Essa é uma primeira perspectiva; há, entretanto, outra mais importante. Medindo os efeitos da compaixão através da intensidade das reações que produz, sua periculosidade à vida mostra-se sob uma luz muito mais clara.
A compaixão contraria inteiramente lei da evolução, que é a lei da seleção natural. Preserva tudo que está maduro para perecer; luta em prol dos desterrados e condenados da vida; e mantendo vivos malogrados de todos os tipos, dá à própria vida um aspecto sombrio e dúbio.
A humanidade ousou denominar a compaixão uma virtude (– em todo sistema de moral superior ela aparece como uma fraqueza –); indo mais adiante, chamaram-na a virtude, a origem e fundamento de todas as outras virtudes – mas sempre mantenhamos em mente que esse era o ponto de vista de uma filosofia niilista, em cujo escudo há a inscrição negação da vida. Schopenhauer estava certo nisto: através a compaixão a vida é negada, e tornada digna de negação – a compaixão é uma técnica de niilismo.
Permita-me repeti-lo: esse instinto depressor e contagioso opõe-se a todos os instintos que se empenham na preservação e aperfeiçoamento da vida: no papel de defensor dos miseráveis, é um agente primário na promoção da decadência – compaixão persuade à extinção...
É claro, ninguém diz “extinção”: dizem “o outro mundo”, “Deus”, “a verdadeira vida”, Nirvana, salvação, bem-aventurança... Essa inocente retórica do reino da idiossincrasia moral-religiosa mostra-se muito menos inocente quando se percebe a tendência que oculta sob palavras sublimes: a tendência à destruição da vida.
Schopenhauer era hostil à vida: esse foi o porquê de a compaixão, para ele, ser uma virtude... Aristóteles, como todos sabem, via na compaixão um estado mental mórbido e perigoso, cujo remédio era um purgativo ocasional: considerava a tragédia como sendo esse purgativo.
O instinto vital deveria nos incitar a buscar meios de alfinetar quaisquer acúmulos patológicos e perigosos de compaixão, como os presentes no caso de Schopenhauer (e também, lamentavelmente, em toda a nossa décadence literária, de St. Petersburgo a Paris, de Tolstoi a Wagner), para que ele estoure e se dissipe...
Nada é mais insalubre, em toda nossa insalubre modernidade, que a compaixão cristã. Sermos os médicos aqui, sermos impiedosos aqui, manejarmos a faca aqui – tudo isso é o nosso serviço, é o nosso tipo de humanidade, é isso que nos torna filósofos, nós, hiperbóreos! –

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Assim falou Zaratustra: Toda elevação do tipo "homem" foi sempre trabalho de uma sociedade aristocrática e sempre o será - uma sociedade que acredita em longas gradações de hierarquias e diferenças de valor entre seres humanos, e que requer escravidão em uma forma ou outra.
Sem o PATHOS DA DISTÂNCIA, que cresce a partir das diferenças encarnadas entre as classes, do constante olhar para fora e para baixo da classe dominante em direção aos subordinados e serviçais, e de sua igualmente constante prática de obedecer e comandar, de manter abaixo e à distância - que outros pathos mais misteriosos nunca poderiam ser surgido, o anseio sempre por um novo aumento na distância interior da própria alma, a formação sempre de estados mais elevados, mais raros, mais aprofundados, mais extensivos, mais abrangentes, resumindo, apenas a elevação do tipo "homem", a continuada "auto-superação do homem", para usar uma formula moral num sentido supermoral.
Certamente não se deve resignar a nenhuma ilusão humanitária sobre a história da origem de uma sociedade aristocrática (isto é, da condição preliminar à elevação do tipo "homem"): a verdade é dura. Reconheçamos sem preconceitos como toda civilização superior se originou!
Homens com uma natureza ainda natural, bárbaros em todos os sentidos terríveis da palavra, homens caçadores, ainda em posse de força de vontade intacta e desejo de poder, arremessaram-se por sobre as raças mais fracas, mais morais, mais pacíficas (talvez comunidades de comércio ou criação de gado), ou por sobre velhas civilizações maduras cuja força vital final estava extinguindo-se em brilhantes fogos de artíficio de esperteza e depravação.
No início, a casta nobre era sempre a casta bárbara: sua superioridade não consistia em primeiro lugar de seu poder físico, mas de seu poder psíquico - eles eram homens mais COMPLETOS (o que em qualquer instância implica o mesmo que 'bestas mais completas').

Corrupção - como uma indicação de que a anarquia ameaça libertar-se de entre os instintos, e que a fundação das emoções, chamada "vida", está em convulsão - é algo radicalmente diferente de acordo com a organização em que se manifesta.
Quando, por exemplo, uma aristocracia como a da França no início da revolução, arremessou longe seus privilégios com desgosto sublime e sacrificou-se por um excesso de seus sentimentos morais, isto era corrupção: era apenas o ato final da corrupção que tinha existido por séculos, em virtude da qual aquela aristocracia abdicou passo a passo de suas prerrogativas de comando e rebaixou-se a uma função de realeza (ao final, mesmo à sua ornamentação e desfiles). O essencial, entretanto, em uma boa e saudável aristocracia é que ela não deveria se considerar como uma função de realeza ou de estado, mas uma significação e justificação maior delas - deveria aceitar com boa consciência o sacrifício de uma legião de indivíduos, que, por si mesmos, devem ser suprimidos e reduzidos a homens imperfeitos, a escravos e serviçais.
Sua crença fundamental deve ser precisamente que à sociedade não é permitido existir por si mesma, mas somente como uma fundação e andaime, por meio dos quais uma classe seleta de seres possa elevar-se aos seus deveres superiores, e, em geral, à sua existência superior (...).
Refrear-se mutuamente de ofensas, de violência, de exploração, e colocar sua vontade no mesmo nível que a dos outros: isto pode resultar, em um certo sentido grosseiro, em boa conduta entre indivíduos quando as condições necessárias são fornecidas (a saber, a efetiva similaridade dos indivíduos em quantia de força e grau de valor, e sua correlação dentro de uma organização). Tão logo, entretanto, quanto alguém queira tomar este princípio de forma mais geral, e se possível até como um princípio fundamental da sociedade, ele imediatamente revelaria o que realmente é - a saber, um Desejo pela negação da vida, um princípio de dissolução e decadência.
Aqui deve-se pensar profundamente de forma completa e resistir a toda fraqueza sentimental: a vida em si mesma é essencialmente apropriação, injúria, conquista do estranho e do fraco, supressão, severidade, intrusão de formas peculiares, incorporação, e no mínimo, falando o mais suavemente possível, exploração; mas por que alguém deveria para sempre usar precisamente estas palavras nas quais por séculos um sentido depreciativo ficou estampado?
Mesmo na organização dentro da qual, como previamente suposto, os indivíduos tratam-se como iguais - isso acontece em toda aristocracia saudável - ela deve, se for uma organização viva, e não moribunda, fazer em relação a outros corpos, aquilo que os indivíduos dentro dela abstenham-se de fazer um ao outro. Deverá ser o Desejo de Poder encarnado, irá empenhar-se em crescer, ganhar terreno, atrair a si mesma e adquirir domínio - sem dever nada a nenhuma moralidade ou imoralidade, mas porque ela VIVE, e porque a vida É precisamente Desejo de Poder. Em nenhuma instância, entretanto, a consciência comum dos europeus está mais relutante em ser corrigida do que neste aspecto; as pessoas agora excitam-se em todo lugar, mesmo sob o aspecto de ciência, com condições vindouras de sociedade em que "o feitio explorador" estará ausente - isso soa aos meus ouvidos como se eles prometessem inventar um modo de vida que se abstivesse de todas as funções orgânicas. A "exploração" não pertence a uma sociedade depravada, ou imperfeita e primitiva, ela pertence à natureza do ser vivo como uma função orgânica primária; ela é uma consequência do Desejo de Poder intrínseco, que é precisamente o Desejo de Viver - Pensando-se nisso como teoria é uma inovação - como uma realidade ela é o FATO FUNDAMENTAL de toda história (...).

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Also Sprach Zarathustra: 'Good' is no longer good when one's neighbout takes it into his mouth. And how could there be a 'common good'! The expression contradicts itself; that which can be common is always of small value. In the end things must be as they are and have always been - the great things remain for the great, the abysses for the profound, the delicacies and thrills for the refined, and, to sum up shortly, everything rare for the rare.

Azar do dia: A fé é como a água: ela sempre se adapta à forma do vazio que há em cada pessoa.

sábado, 3 de abril de 2010

Also Sprach Zarathustra: (...) and even yet when one hears anybody praised, because he lives 'wisely', or 'as a philosopher', it hardly means anything more than 'prudently and apart'. Wisdom: that seems to the populace to be a kind of flight, a means and artifice for withdrawing successfully from a bad game; but the genuine philosopher - does it not seem so to us, my friends? - lives 'unphilosophically' and 'unwisely', above all, imprudently, and feels the obligation and burden of a hundred attempts and temptations of life - he risks himself constantly, he plays this bad game.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Azar do dia: Só é possível ultrapassar um limite depois de atingi-lo.
Assim falou Zaratustra:
Nessa época recente, que pode se gabar de sua humanidade, ainda há tanto medo, tanta superstição do medo, da "cruel fera selvagem", cuja domesticação constitui o próprio orgulho dessa era mais humana - que mesmo verdades óbvias, como que por concorde de séculos, têm permanecido há muito indizíveis, porque parecem poder ajudar a trazer de volta à vida a finalmente morta fera selvagem.
Eu talvez arrisque algo ao permitir que tal verdade escape; que outros a capturem novamente e dêem a ela tanto 'leite de sentimentos piedosos' para beber, que ela ficará deitada quieta e esquecida, em seu velho canto. - É preciso aprender de novo sobre crueldade, e abrir os olhos; é preciso finalmente aprender impaciência, para que erros grosseiros tão imodestos - como, por exemplo, tem sido cometidos pelos filósofos antigos e modernos no que concerne à tragédia - não mais vaguem a esmo virtuosamente e impetuosamente.
Quase tudo que chamamos 'cultura superior' é baseado na espiritualização e intensificação da crueldade - esta é minha tese; a 'fera selvagem' nunca foi morta, ela vive, ela floresce, ela apenas foi - transfigurada.
Aquilo que constitui o prazer doloroso da tragédia é crueldade; aquilo que opera agradavelmente na chamada empatia trágica, e na base até de tudo que é sublime, chegando às mais altas e mais delicadas excitações dos metafísicos, obtém sua doçura tão somente dos ingredientes misturados da crueldade. O que o romano aprecia na arena, o cristão nos êxtases da cruz, o espanhol na vista do ramo e da estaca, ou da tourada, o japonês do presente que se empenha em direção à tragédia, o trabalhador do subúrbio parisiense que sente saudade das revoluções sangrentas, o Wagneriano que, com resolução perturbada, "submete-se" à performance de 'Tristão e Isolda' - o que todos esses apreciam, e lutam com um ardor misterioso para beber, é do filtro da grande Circe 'crueldade'.
Aqui, com certeza, devemos por de lado totalmente a psicologia desajeitada dos tempos passados, que somente podia ensinar, com respeito à crueldade, que ela se originava à vista do sofrimento dos outros: há uma satisfação abundante, super-abundante, mesmo no próprio sofrimento, em causar sofrimento a si mesmo - e onde quer que o homem tenha permitido a si mesmo ser persuadido à auto-negação no sentido religioso, ou à auto-mutilação, como entre os fenícios e ascetas, ou em geral, à desensualização, descarnalização, e contrição, aos espasmos de arrependimento puritanos, à vivissecção da consciência e à Pascal - como SACRIFIZIA DELL'INTELLETO, ele é secretamente seduzido e impelido adiante por sua crueldade, pela emoção perigosa da crueldade à si mesmo. -
Finalmente, consideremos que mesmo o buscador de conhecimento opera como um artista e glorificador da crueldade, no sentido de compelir seu espírito a compreender contra sua própria inclinação, e frequentemente contra os desejos de seu coração: ele o força a dizer Não, quando ele gostaria de afirmar, amar, adorar; de fato, toda vez que algo é tomado como profundo ou fundamental, é uma violação, uma ofensa intencional à vontade fundamental do espírito, que instintivamente visa à aparência e superficialidade - mesmo em cada desejo por conhecimento há uma gota de crueldade.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Also Sprach Zarathustra: Inasmuch as in all ages, as long as mankind has existed, there have also been human herds (family alliances, communities, tribes, peoples, states, churches), and always a great number who obey in proportion to the small number who command—in view, therefore, of the fact that obedience has been most practiced and fostered among mankind hitherto, one may reasonably suppose that, generally speaking, the need thereof is now innate in every one, as a kind of FORMAL CONSCIENCE whichgives the command ‘Thou shalt unconditionally do something, unconditionally refrain from something’, in short, ‘Thou shalt".
This need tries to satisfy itself and to fill its form with a content, according to its strength, impatience, and eagerness, it at once seizes as an omnivorous appetite with little selection, and accepts whatever is shouted into its ear by all sorts of commanders—parents, teachers, laws, class prejudices, or public opinion.
The extraordinary limitation of human development, the hesitation, protractedness, frequent retrogression, and turning thereof, is attributable to the fact that the herd-instinct of obedience is transmitted best, and at the cost of the art of command.
If one imagine this instinct increasing to its greatest extent, commanders and independent individuals will finally be lacking altogether, or they will suffer inwardly from a bad conscience, and will have to impose a deception on themselves in the first place in order to be able to command just as if they also were only obeying.
This condition of things actually exists in Europe at present—I call it the moral hypocrisy of the commanding class. They know no other way of protecting themselves from their bad conscience than by playing the role of executors of older and higher orders (of predecessors, of the constitution, of justice, of the law, orof God himself), or they even justify themselves by maxims from the current opinions of the herd, as ‘first servants of their people,’ or ‘instruments of the public weal".
On the other hand, the gregarious European man nowadays assumes an air as if he were the only kind of man that is allowable, he glorifies his qualities, such as public spirit, kindness, deference, industry, temperance, modesty, indulgence, sympathy, by virtue of which he is gentle, endurable, and useful to the herd, as the peculiarly human virtues.
In cases, however, where it is believed that the leader and bell-wether cannot be dispensed with, attempt after attempt is made nowadays to replace commanders by the summing together of clever gregarious men all representative constitutions, for example, are of this origin.
In spite of all, what a blessing, what a deliverance from a weight becoming unendurable, is the appearance of an absolute ruler for these gregarious Europeans—of this fact the effect of the appearance of Napoleon was the last great proof the history of the influence of Napoleon is almost the history of the higher happiness to which the entire century has attained in its worthiest individuals and periods.
Azar do dia: Empatia na verdade não passa de prepotência: ninguém possui a capacidade de compreender o sofrimento de outro. Só se conhece o próprio sofrimento.

terça-feira, 30 de março de 2010

Also Sprach Zarathustra: Nobody will very readily regard a doctrine as true merely because it makes people happy or virtuous - excepting, perhaps, the amiable 'Idealists', who are enthusiastic about the good, true, and beautiful, and let all kinds of motley, coarse, and good-natured desirabilities swim about promiscuously in their pond. Happiness and virtue are no arguments. It is willingly forgotten, however, even on the part of thoughtful minds, that to make unhappy and to make bad are just as little counter-arguments. A thing could be true, although it were in the highest degree injurious and dangerous; indeed, the fundamental constitution of existence might be such that one succumbed by a full knowledge of it - so that the strength of a mind might be measured by the amount of 'truth' it could endure - or to speak more plainly, by the extent to which it required truth attenuated, veiled, sweetened, damped, and falsified.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Also Sprach Zarathustra: He who is of the populace wisheth to live gratuitously; we others, however, to whom life hath given itself - we are ever considering what we can best give IN RETURN!
Senso comum crucificado: Em terra de cego, quem tem um olho é caolho.
Azar do dia: Por que é que todas as perguntas que realmente importam não tem resposta? (incluindo esta)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Also Sprach Zarathustra: One must subject oneself to one's own tests that one is destined for independence and command, and do so at the right time. One must not avoid one's tests, although they constitute perhaps the most dangerous game one can play, and are in the end tests made only before ourselves and before no other judge. Not to cleave to any person, be it even the dearest - every person is a prison and also a recess. Not to cleave to a fatherland, be it even the most suffering and necessitous - it is even less difficult to detach one's heart from a victorious fatherland. Not to cleave to a symphathy, be it even for higher men, into whose peculiar torture and helplessness chance has given us an insight. Not to cleave to a science, though it tempt one with the most valuable discoveries, apparently specially reserved for us. Not to cleave to one's own liberation, to the voluptuous distance and remoteness of the bird, which always flies further aloft in order always to see more under it - the danger of the flier. Not to cleave to our own virtues, nor become as a whole a victim to any of our specialties, to our 'hospitality' for instance, which is the danger of dangers for highly developed and wealthy souls, who deal prodigally, almost indifferently with themselves, and push the virtue of liberality so far that it becomes a vice. One must know how to conserve oneself - the best test of independence.
Pílulas sem sabedoria:

1 - A vida é uma dor infindável e ininterrupta, sem causa e sem sentido.

2 - O que torna a vida suportável é o que esperamos dela. A incerteza do futuro é a única coisa que nos permite suportar o hoje até que ele se torne ontem.
Also Sprach Zarathustra: Books for ther general reader are always ill-smelling books, the odour of paltry people clings to them. Where the populace eat and drink, and even where they reverence, it is accustomed to stink. One should not go into churches if one wishes to breathe pure air.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Para ler e se desesperar:
http://en.wikisource.org/wiki/Industrial_Society_and_Its_Future
Azar do dia: A memória é o que nos torna infelizes. Sem memória todas as frustrações seriam sempre a primeira.
Also Sprach Zarathustra: A falsidade de uma opinião não é para nós nenhuma objeção a ela (...). A questão é, o quanto uma opinião favorece a continuidade da vida, a preservação da vida, a preservação da espécie, talvez a cultivação da espécie, e nós somos inclinados fundamentalmente a afirmar que as mais falsas opiniões (a que os julgamentos sintéticos pertencem a priori), são as mais indispensáveis a nós, que sem um reconhecimento das lógicas fictícias, sem uma comparação da realidade com o puramente imaginado mundo do absoluto e imutável, sem a falsificação constante do mundo através dos números, o homem não poderia viver - que a renúncia às falsas opiniões seria a renúncia à vida, uma negação da vida. Reconhecer a inverdade como uma condição da vida; isto seria certamente impugnar as idéias tradicionais de valor de maneira perigosa, e uma filosofia que se aventura a fazê-lo, consegue por si só colocar-se além do bem e do mal. (tradução minha)

terça-feira, 23 de março de 2010

Also Sprach Zarathustra: But everything that suffereth wanteth to live, that it may become mature and lively and longing - longing for the further, the higher, the brighter. "I want heirs," so saith everything that suffereth, "I want children, I do not want MYSELF,"
Joy, however, doth not want heirs, it doth not want children, - joy wanteth itself, it wanteth eternity, it wanteth recurrence, it wanteth everything eternally-like-itself.
Azar do dia: O capitalismo é o corolário do pensamento humanista.
Also Sprach Zarathustra: Ask women: one giveth birth, not because it giveth pleasure.
Pílulas sem sabedoria:

1 - Um gordo é uma sociedade doente em miniatura.

2 - Theodore Kaczynski estava certo.

domingo, 21 de março de 2010

Atenas e Esparta

A sociedade burguesa é ateniense. A favela é espartana. Atenienses pensam. Espartanos matam. Heróis atenienses são aqueles que sobrevivem à matança. Heróis espartanos são aqueles que morrem lutando. Para quem pensa, quem mata é o vilão. Para quem mata, quem pensa é o vilão. Atenienses prendem espartanos e os tratam com dignidade ateniense. Espartanos não fazem prisioneiros atenienses. O Humanismo será a ruína do mundo.
Also Sprach Zarathustra: Also ye love the earth, and the earthly: I have divined you well! - but shame is in your love, and a bad conscience - ye are like the moon! To despise the earthly hath your spirit been persuaded, but not your bowels: these, however, are the strongest in you! And now is your spirit ashamed to be at the service of your bowels, and goeth by-ways and lying ways to escape its own shame.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Azar do dia: Se a gravidade fosse conseqüência da massa da Terra, então a pessoa mais atraente do mundo seria também a mais gorda.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Also Sprach Zarathustra: This, however, is the third thing which I heard - namely, that commanding is more difficult than obeying. And not only because the commander beareth the burden of all obeyers, and because this burden readily crusheth him -
Pílulas sem sabedoria:

1 - A vida é uma merda. Essa frase é pior ainda. Ambas.

2 - Gente que só fala uma língua é invariavelmente tacanha.
Azar do dia: Não importa se o conselho é bom. Ninguém segue mesmo.
Also Sprach Zarathustra: But wherever I found living things, there heard I also the language of obedience. All living things are obeying things. And this heard I secondly: Whatever cannot obey itself, is commanded. Such is the nature of living things.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Also Sprach Zarathustra: When power becometh gracious and descendeth into the visible - I call such condescension, beauty.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Pílulas sem sabedoria:

1 - Se você se preocupa com sua imagem por muito tempo, deixa de ser uma pessoa e acaba se tornando também só uma imagem.

2 - Se existe alguma felicidade, ela está em resignar-se à dimensão trágica da existência.
Also Sprach Zarathustra: My spiritual conscience requireth from me that it should be so - that I should know one thing, and not know all else: they are a loathing unto me, all the semi-spiritual, all the hazy, hovering, and visionary. Where mine honesty ceaseth, there am I blind, and want also to be blind. Where I want to know, however, there want I also to be honest - namely, severe, rigorous, restricted, cruel and inexorable.

terça-feira, 9 de março de 2010

Azar do dia: Alguns querem morrer heróis, outros em paz. Mas no fim, qualquer morte que se morra é uma morte estúpida.
Also Sprach Zarathustra: "Better know nothing than half-know many things! Better be a fool on one's own account, than a sage on other people's approbation!

My spiritual conscience requireth from me that it should be so - that I should know one thing, and not know all else: they are a loathing unto me, all the semi-spiritual, all the hazy, hovering, and visionary. Where mine honesty ceaseth, there am I blind, and want also to be blind. Where I want to know, however, there want I also to be honest - namely, severe, rigorous, restricted, cruel and inexorable."

segunda-feira, 8 de março de 2010

Also Sprach Zarathustra: And others are there who go along heavily and creakingly, like carts taking stones downhill: they talk much of dignity and virtue - their drag they call virtue!
Azar do dia: Eu estou doente. Todos estamos. O nome da nossa doença é morte. Estamos todos morrendo e nem nos damos conta disso. Já nascemos morrendo.

domingo, 7 de março de 2010

Azar do dia: Catástrofes naturais são a radioterapia do planeta, na intenção de eliminar o câncer que é o ser humano.
Also sprach Zarathustra: Better songs would they have to sing, for me to believe in their Saviour: more like saved ones would his disciples have to appear unto me!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Pílulas sem sabedoria:

1 - O suicídio sem propósito é o único ato possível de verdadeira liberdade.

2 - A realidade é formada por fé cega e senso comum.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sorte de hoje: Time is a serial killer.

quarta-feira, 3 de março de 2010

A Parábola do Leão e do Rebanho

Certa vez, um filhote de leão, inexperiente mas curioso, pôs-se a explorar o campo onde vivia. Tanto empolgou-se em sua aventura, que logo percebeu que estava perdido, e não sabia como voltar.

Aflito, esqueceu a aventura e começou a procurar o caminho de casa. Após algumas horas de andança aleatória, chegou a um pasto muito verde, onde se deitou. Exausto da caminhada, adormeceu.

Quando o leãozinho acordou, estava rodeado por seres que não conhecia. Eles eram todos branquinhos, com cascos duros ao invés de garras, pêlo macio e chifres retorcidos, e logo o filhote de leão descobriu que se chamavam ovelhas. Ele explicou logo sua situação, tristonho, e descobriu que as ovelhas nada podiam fazer. Entretanto, compadecidas com a situação do novo amigo, as ovelhas decidiram cuidar dele.

O tempo passou, e o leãozinho foi esquecendo-se de procurar o caminho de sua casa, e foi aos poucos se conformando em ficar com as ovelhas. Ele aprendeu a ser como elas: pastar, balir, brincar como elas.

Depois de algum tempo, o leãozinho já não era mais um filhote, mas ele tinha se esquecido que era um leão. O majestoso animal balia e pastava com as ovelhas. Era a única coisa que sabia fazer, já que era só o que as ovelhas sabiam lhe ensinar. Ele achava que era uma ovelha.

Ainda assim, algo lhe dizia que ele era diferente. Quando ele pastava, não se sentia satisfeito com a grama. Quando balia, não parecia sua voz. Quando brincava, percebia que não tinha cascos. Mas ele continuou acreditando que era uma ovelha, e pensava ser feliz entre elas.

Um dia, enquanto estava pensativo e solitário pastando num campo, viu um outro leão. Sua majestade e imponência o deixaram maravilhado. Esse outro leão estava caçando uma zebra, que logo foi pega; morreu, vítima das poderosas garras e afiados dentes que a dilaceravam.

O leão ficou aterrorizado com a cena, mas ao mesmo tempo sentia que algo naquilo o atraía. Ele começou a voltar ao pasto onde as ovelhas estavam, mas antes decidiu passar por um lago para beber.

Quando se aproximou do lago e viu seu próprio reflexo na água cristalina, o leão deu um salto para trás, aterrorizado. Pensou ser o leão que tinha visto. Poucos segundos depois, já recuperado do susto, ele se aproximou novamente da superfície do lago, e olhou-se longamente. Então percebeu que ele era realmente diferente, e entendeu porque sempre sentiu que algo não estava certo em sua vida. Ao invés de cascos, tinha garras afiadas. Ao invés de dentes chatos para ruminar, tinha poderosas presas. Ao invés de chifres recurvados, uma imponente juba. O leão percebeu que era um leão. Empolgado com sua nova descoberta, correu para junto das ovelhas.

A notícia, porém, não foi recebida como ele esperava. As ovelhas também achavam que ele era uma ovelha. Quando ele disse que era um leão, foi ridicularizado e repreendido.

"Ovelhas são ovelhas.", disseram a ele. "E nunca serão nada além disso. Você é apenas uma ovelha como todos nós."

O leão argumentou que possuía garras, presas, juba. Exortou-os a notarem a diferença.

"As ovelhas não são todas iguais. Você é uma ovelha um pouco diferente, mas ainda é só uma ovelha.", retorquiu a ovelha mais velha.

Decepcionado e solitário, o leão conformou-se. Sabia que era um leão, mas ninguém acreditava nele. A zombaria e as repreensões aumentavam ainda mais sua solidão.

O leão ficou mais deprimido do que nunca. As ovelhas acharam que estava doente, e recomendaram-lhe que pastasse um pouco mais. O leão até que tentou, mas percebeu que não poderia mais voltar a ser ovelha. Era leão. Sua fome aumentava. Não comia nada há dias. As ovelhas mais jovens continuavam a ridicularizá-lo. As mais velhas continuavam dizendo-lhe que voltasse a se comportar como ovelha, pois então melhoraria. Ele recusava.

Por fim, as ovelhas decidiram que aquilo tinha que acabar. Cercaram-no, agarraram-no, e começaram a arrancar sua juba, cortar suas garras, e limar seus dentes. O leão não pôde mais suportar. Tomado de fúria, usou suas garras e presas e atacou ferozmente as ovelhas, que tentavam transformá-lo numa delas à força. Então, sentindo na língua o sabor do sangue, ele finalmente entendeu qual era a verdadeira natureza de seu relacionamento com as ovelhas. Elas não eram sua família. Eram suas presas.

Uma a uma, ele abateu as ovelhas que o tinham acolhido. Devorou-as todas.

Pela primeira vez ele se sentiu completo. Sentia-se leão de verdade.