quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A verdade não precisa ser bonita

Era uma vez um cientista que descobriu que os espelhos, ao contrário do que se acreditava, não eram superfícies que refletiam raios de luz, mostrando a imagem daquilo que está à sua frente. Eram, na verdade, superfícies que refletiam os pensamentos mais íntimos das pessoas, mostrando aquilo que elas achavam que eram.

Essa descoberta, obviamente, causou muita polêmica. Pessoas que se achavam feias descobriram que eram na verdade galãs e musas de novela, e pessoas que sempre tinham se achado muito bonitas perceberam que eram horrorosas. Algumas poucas não mudaram em nada sua concepção de si mesmas.

Porém, todo esse frisson não durou muito, pois logo o cientista inventou um novo espelho, que mostrava quem a pessoa era. A imagem mostrada mudava de acordo com o caráter de quem se punha à frente desse dele.

A nova invenção também não agradou, pois muitos que tinham recém se descoberto bonitos, perceberam que eram monstros por dentro. Outros, que tinham se percebido feios antes, perceberam que tinham uma linda alma.

Com toda essa polêmica, o cientista então resolveu inventar um último espelho: um que mostrava quem a pessoa queria ser, e não quem ela era. Após muito trabalho, sua invenção foi concluída. Ele a batizou de Photoshop, e desde então as pessoas tem estado confortáveis com seus espelhos.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Monster Inside

Nobody knows, nobody sees
But I have a monster inside
I try and I try to keep it in
But sometimes it's stronger than I

It's an omen saying crow
Locked tight inside of me
It's a raging dire animal
Though not plain to see

Just this once, for one second, I let it out
Saw the heartbreak and destruction it brings about
I swear it'll never again come out

I need you to help me tame this dancing shiva I became
'Cause I know, when all is said and done, I'm to blame
And when it kills me I'll still be whispering your name

terça-feira, 2 de julho de 2013

Song for a love unlived

Your absence in my heart is a razorblade
'Tis the sharpest knife that was ever made
Your face does all but fade out
Sweet reveries by day, dark nightmares at night
Our love is endless as time
Though still it passes me by

I'm haunted by things you've said you've done
And all I wish is for these dreams to be gone
I say to myself that there's naught to be done
If we're to be two, and ne'er be one
Our love is endless as time
Though still it passes me by

Remembering your thighs tight around my waist
Preventing my life from going to waste
I think of your lips and your gaze from afar
And it hurts to remember how far you now are
Our love is endless as time
Though still it passes me by

With you I can do anything in this world
And write the best tragedy that's ever told
Without you my pretentious life's not for long
So all I can do now is sing this blue song
Our love is endless as time
Though still it passes me by

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Also sprach Zarathustra: Through their Love they saw the mystery of the world's equilibrium, and that they themselves were a symbol and expression of this balance. Two triangles united in them into a six-pointed star. Two magnets melted into an ellipsis. They were two. The third was the Unknown Future. The three made One.
I saw the woman looking out upon the world as though enraptured with its beauty. And from the tree on which ripened golden fruit I saw a serpent creep. It whispered in the woman's ear, and I saw her listening, smiling at first suspiciously, then with curiosity which merged into joy. Then I saw her speak to the man. I noticed that he seemed to admire only her and smiled with an expression of joy and sympathy at all she told him.
"This picture you see, is a picture of temptation and fall", said the Voice. "What constitutes the Fall? Do you understand its nature?"
"Life is so good", I said, "and the world so beautiful, and this man and woman wanted to believe in the reality of the world and of themselves. They wanted to forget service and take from the world what it can give. So they made a distinction between themselves and the world. They said, 'We are here, the world is there'. And the world separated from them and became hostile."
"Yes", said the Voice, "this is true. The everlasting mistake with men is that they see the fall in love. But Love is not a fall, it is a soaring above an abyss. And the higher the flight, the more beautiful and alluring appears the earth. But that wisdom, which crawls on earth, advises belief in the earth and in the present. This is the Temptation. And the man and woman yielded to it. They dropped from the eternal realms and submitted to time and death. The balance was disturbed. The fairyland was closed upon them. The elves, undines, sylphs and gnomes became invisible."

quinta-feira, 16 de maio de 2013

I'm but a child before a lion. I stand on the brink of a cliff, ready to fall at any moment. The lion's gaze wanders around, until it finally stays. Those eyes glare at me, I realize. Helpless and defenseless before the beast, I turn to the abyss, considering my choices. Which one should tear me apart? The vertigo sends a chill down my spine, in a mixed sensation of fear and pleasure. I turn back at the lion. It shows me its teeth, though not moving its large paws. I could never beat nor tame a lion, I consider in my mind, but I could try. I turn back again, trying to calculate how long it'd take before I finally hit the rocks below. Not much of a choice, I think with myself. It's not much freedom when the only thing you can choose is the kind of suffering you're going to go through. I don't have enough time to decide. As I can turn back again to the lion before me, it roars and assaults me, throwing us both down the cliff. Life made the choice for me.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Also sprach Zarathustra: Não há exercício intelectual que não resulte ao fim inútil. Uma doutrina filosófica é no início uma descrição verossímil do universo; passam os anos e é um simples capítulo - quando não um parágrafo ou um nome - da história da filosofia. Na literatura, essa caducidade final é ainda mais evidente. O Quixote (...) foi antes de tudo um livro agradável; agora é uma ocasião de brindes patrióticos, de soberba gramatical, de obscenas edições de luxo. A glória é uma incompreensão e talvez a pior.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

De Gandalf e Salomão


Muitas vezes, durante uma situação qualquer, tomado de alegria desejo que o momento não passe, como se eu pudesse congelar aquele instante no tempo e permanecer imerso na sensação que ele proporciona. Em outros momentos, de aflição, de dor, de expectativa ou ansiedade, desejo que o momento acabe antes do que é fisicamente possível. Há ainda momentos de dor que sinto vontade de extender - por culpa, remorso, enfim, Freud provavelmente teria uma boa explicação.
Do lado direito do meu peito está tatuado, em caracteres arábicos, o ditado persa "In niz bogzarad". A tradução usual é "Isto também passará". Não sei até que ponto está correto - não conheço persa nem o suficiente para fazer a diferença entre o sujeito e o predicado da frase - mas acredito que a essência da frase independa da língua nesse caso.
Conta uma lenda que a frase surgiu quando um rei, desejoso de possuir um objeto que tivesse o poder de tornar alguém feliz quando estivesse triste, e triste quando estivesse feliz, entregou a um grupo dos homens mais sábios de seu reino um anel, no qual deveria ser inscrita uma frase com tal poder. Algum tempo depois o grupo de sábios devolveu o anel ao rei, inscrito com a dita frase - isto também passará.
Há inúmeras variações da frase na cultura popular ou erudita, do "Tudo passa, até uva passa" ao "Eles passarão... Eu passarinho!" de Mario Quintana. Mas o que todas essas versões do ditado querem dizer é apenas uma coisa: nada nesta vida é permanente. A mudança é a essência da vida.
Uma vez li que cada átomo de nosso corpo, a cada período de tempo (alguns anos, acredito eu), devido à morte e renovação celular, muda. Supondo que essa renovação completa leve 7 anos, eu poderia dizer que a pessoa que eu era 7 anos atrás não é a mesma que sou hoje. Não é a mesma porque é outro corpo. Outra matéria. Talvez milhares ou milhões de partes de quem eu era hoje façam parte de milhares ou milhões de outras pessoas. A informação na minha mente permanece (ou não?), mas o corpo é outro.
Pedras, montanhas, lagos, se deixados aos seus próprios recursos, não mudam. Talvez seja isso no fundo que sempre usamos como parâmetro para determinar o que constitui um ser vivo: aquilo que muda.
Por que é então que estamos sempre lutando com essa característica da vida, talvez a mais fundamental de todas? Pensando nisso me lembrei do personagem Gandalf, da trilogia de livros de JRR Tolkien transformada em filme por Peter Jackson. Durante uma cena, um monstro de fogo e sombra chamado Balrog tenta destruir os integrantes da sociedade do anel em sua jornada para Mordor. Gandalf, um mago, usa seu poder para impedir a criatura de passar e chegar até os outros, gritando: "Você não passará!". O Balrog não consegue passar, e o conflito resulta em sua queda em um abismo - mas não sem carregar Gandalf com ele.
Pouco importa se Gandalf retornou à vida posteriormente - não é a mitologia de Tolkien que quero discutir - o fato é que sua recusa em deixar que o monstro passasse exigiu seu próprio sacrifício.
Talvez, sem saber, seja isso que estamos fazendo quando exigimos de um instante "Você não passará!". Quando tentamos impedir a mudança, talvez estejamos impedindo a vida, e só o que pode resultar disso é morte - talvez não em sentido literal, mas com certeza a morte de outros momentos reservados para nós que nos recusamos a encontrar por nos acharmos por demais presos a um momento que nos recusamos deixar passar.
Uma segunda tatuagem, dessa vez em minha perna - um trecho de uma música da banda Devil Sold His Soul - diz "First light never to be seen again", ou seja, "A primeira luz nunca é vista de novo". Se pudéssemos de alguma forma segurar o nascer do sol precisamente quando seus primeiros raios são lançados, iluminando o horizonte e dissipando a escuridão da noite, não saberíamos como é iluminado ao meio dia, nem poderíamos apreciar um poente ou a luz solar refletida na lua à noite. Parece-me que cada momento, bom ou ruim, tem o seu lugar na vida, e o que o torna importante para nós é justamente que daqui a mais um instante ele não estará mais lá.

quarta-feira, 13 de março de 2013

The thing that strikes me as truest among those we have in common, is that we're both afraid of people. We're afraid of anything outside of ourselves, and sometimes, of things inside also. But what we're most afraid of, is each other.
'Tis a poor God
That hath allotted me demons
Instead of friends
In this mine life

I want to chase them away
But I'm afraid
When they art gone
There shall be nothing left
Inside