Assim falou Zaratustra: Toda elevação do tipo "homem" foi sempre trabalho de uma sociedade aristocrática e sempre o será - uma sociedade que acredita em longas gradações de hierarquias e diferenças de valor entre seres humanos, e que requer escravidão em uma forma ou outra.
Sem o PATHOS DA DISTÂNCIA, que cresce a partir das diferenças encarnadas entre as classes, do constante olhar para fora e para baixo da classe dominante em direção aos subordinados e serviçais, e de sua igualmente constante prática de obedecer e comandar, de manter abaixo e à distância - que outros pathos mais misteriosos nunca poderiam ser surgido, o anseio sempre por um novo aumento na distância interior da própria alma, a formação sempre de estados mais elevados, mais raros, mais aprofundados, mais extensivos, mais abrangentes, resumindo, apenas a elevação do tipo "homem", a continuada "auto-superação do homem", para usar uma formula moral num sentido supermoral.
Certamente não se deve resignar a nenhuma ilusão humanitária sobre a história da origem de uma sociedade aristocrática (isto é, da condição preliminar à elevação do tipo "homem"): a verdade é dura. Reconheçamos sem preconceitos como toda civilização superior se originou!
Homens com uma natureza ainda natural, bárbaros em todos os sentidos terríveis da palavra, homens caçadores, ainda em posse de força de vontade intacta e desejo de poder, arremessaram-se por sobre as raças mais fracas, mais morais, mais pacíficas (talvez comunidades de comércio ou criação de gado), ou por sobre velhas civilizações maduras cuja força vital final estava extinguindo-se em brilhantes fogos de artíficio de esperteza e depravação.
No início, a casta nobre era sempre a casta bárbara: sua superioridade não consistia em primeiro lugar de seu poder físico, mas de seu poder psíquico - eles eram homens mais COMPLETOS (o que em qualquer instância implica o mesmo que 'bestas mais completas').
Corrupção - como uma indicação de que a anarquia ameaça libertar-se de entre os instintos, e que a fundação das emoções, chamada "vida", está em convulsão - é algo radicalmente diferente de acordo com a organização em que se manifesta.
Quando, por exemplo, uma aristocracia como a da França no início da revolução, arremessou longe seus privilégios com desgosto sublime e sacrificou-se por um excesso de seus sentimentos morais, isto era corrupção: era apenas o ato final da corrupção que tinha existido por séculos, em virtude da qual aquela aristocracia abdicou passo a passo de suas prerrogativas de comando e rebaixou-se a uma função de realeza (ao final, mesmo à sua ornamentação e desfiles). O essencial, entretanto, em uma boa e saudável aristocracia é que ela não deveria se considerar como uma função de realeza ou de estado, mas uma significação e justificação maior delas - deveria aceitar com boa consciência o sacrifício de uma legião de indivíduos, que, por si mesmos, devem ser suprimidos e reduzidos a homens imperfeitos, a escravos e serviçais.
Sua crença fundamental deve ser precisamente que à sociedade não é permitido existir por si mesma, mas somente como uma fundação e andaime, por meio dos quais uma classe seleta de seres possa elevar-se aos seus deveres superiores, e, em geral, à sua existência superior (...).
Refrear-se mutuamente de ofensas, de violência, de exploração, e colocar sua vontade no mesmo nível que a dos outros: isto pode resultar, em um certo sentido grosseiro, em boa conduta entre indivíduos quando as condições necessárias são fornecidas (a saber, a efetiva similaridade dos indivíduos em quantia de força e grau de valor, e sua correlação dentro de uma organização). Tão logo, entretanto, quanto alguém queira tomar este princípio de forma mais geral, e se possível até como um princípio fundamental da sociedade, ele imediatamente revelaria o que realmente é - a saber, um Desejo pela negação da vida, um princípio de dissolução e decadência.
Aqui deve-se pensar profundamente de forma completa e resistir a toda fraqueza sentimental: a vida em si mesma é essencialmente apropriação, injúria, conquista do estranho e do fraco, supressão, severidade, intrusão de formas peculiares, incorporação, e no mínimo, falando o mais suavemente possível, exploração; mas por que alguém deveria para sempre usar precisamente estas palavras nas quais por séculos um sentido depreciativo ficou estampado?
Mesmo na organização dentro da qual, como previamente suposto, os indivíduos tratam-se como iguais - isso acontece em toda aristocracia saudável - ela deve, se for uma organização viva, e não moribunda, fazer em relação a outros corpos, aquilo que os indivíduos dentro dela abstenham-se de fazer um ao outro. Deverá ser o Desejo de Poder encarnado, irá empenhar-se em crescer, ganhar terreno, atrair a si mesma e adquirir domínio - sem dever nada a nenhuma moralidade ou imoralidade, mas porque ela VIVE, e porque a vida É precisamente Desejo de Poder. Em nenhuma instância, entretanto, a consciência comum dos europeus está mais relutante em ser corrigida do que neste aspecto; as pessoas agora excitam-se em todo lugar, mesmo sob o aspecto de ciência, com condições vindouras de sociedade em que "o feitio explorador" estará ausente - isso soa aos meus ouvidos como se eles prometessem inventar um modo de vida que se abstivesse de todas as funções orgânicas. A "exploração" não pertence a uma sociedade depravada, ou imperfeita e primitiva, ela pertence à natureza do ser vivo como uma função orgânica primária; ela é uma consequência do Desejo de Poder intrínseco, que é precisamente o Desejo de Viver - Pensando-se nisso como teoria é uma inovação - como uma realidade ela é o FATO FUNDAMENTAL de toda história (...).
Sem o PATHOS DA DISTÂNCIA, que cresce a partir das diferenças encarnadas entre as classes, do constante olhar para fora e para baixo da classe dominante em direção aos subordinados e serviçais, e de sua igualmente constante prática de obedecer e comandar, de manter abaixo e à distância - que outros pathos mais misteriosos nunca poderiam ser surgido, o anseio sempre por um novo aumento na distância interior da própria alma, a formação sempre de estados mais elevados, mais raros, mais aprofundados, mais extensivos, mais abrangentes, resumindo, apenas a elevação do tipo "homem", a continuada "auto-superação do homem", para usar uma formula moral num sentido supermoral.
Certamente não se deve resignar a nenhuma ilusão humanitária sobre a história da origem de uma sociedade aristocrática (isto é, da condição preliminar à elevação do tipo "homem"): a verdade é dura. Reconheçamos sem preconceitos como toda civilização superior se originou!
Homens com uma natureza ainda natural, bárbaros em todos os sentidos terríveis da palavra, homens caçadores, ainda em posse de força de vontade intacta e desejo de poder, arremessaram-se por sobre as raças mais fracas, mais morais, mais pacíficas (talvez comunidades de comércio ou criação de gado), ou por sobre velhas civilizações maduras cuja força vital final estava extinguindo-se em brilhantes fogos de artíficio de esperteza e depravação.
No início, a casta nobre era sempre a casta bárbara: sua superioridade não consistia em primeiro lugar de seu poder físico, mas de seu poder psíquico - eles eram homens mais COMPLETOS (o que em qualquer instância implica o mesmo que 'bestas mais completas').
Corrupção - como uma indicação de que a anarquia ameaça libertar-se de entre os instintos, e que a fundação das emoções, chamada "vida", está em convulsão - é algo radicalmente diferente de acordo com a organização em que se manifesta.
Quando, por exemplo, uma aristocracia como a da França no início da revolução, arremessou longe seus privilégios com desgosto sublime e sacrificou-se por um excesso de seus sentimentos morais, isto era corrupção: era apenas o ato final da corrupção que tinha existido por séculos, em virtude da qual aquela aristocracia abdicou passo a passo de suas prerrogativas de comando e rebaixou-se a uma função de realeza (ao final, mesmo à sua ornamentação e desfiles). O essencial, entretanto, em uma boa e saudável aristocracia é que ela não deveria se considerar como uma função de realeza ou de estado, mas uma significação e justificação maior delas - deveria aceitar com boa consciência o sacrifício de uma legião de indivíduos, que, por si mesmos, devem ser suprimidos e reduzidos a homens imperfeitos, a escravos e serviçais.
Sua crença fundamental deve ser precisamente que à sociedade não é permitido existir por si mesma, mas somente como uma fundação e andaime, por meio dos quais uma classe seleta de seres possa elevar-se aos seus deveres superiores, e, em geral, à sua existência superior (...).
Refrear-se mutuamente de ofensas, de violência, de exploração, e colocar sua vontade no mesmo nível que a dos outros: isto pode resultar, em um certo sentido grosseiro, em boa conduta entre indivíduos quando as condições necessárias são fornecidas (a saber, a efetiva similaridade dos indivíduos em quantia de força e grau de valor, e sua correlação dentro de uma organização). Tão logo, entretanto, quanto alguém queira tomar este princípio de forma mais geral, e se possível até como um princípio fundamental da sociedade, ele imediatamente revelaria o que realmente é - a saber, um Desejo pela negação da vida, um princípio de dissolução e decadência.
Aqui deve-se pensar profundamente de forma completa e resistir a toda fraqueza sentimental: a vida em si mesma é essencialmente apropriação, injúria, conquista do estranho e do fraco, supressão, severidade, intrusão de formas peculiares, incorporação, e no mínimo, falando o mais suavemente possível, exploração; mas por que alguém deveria para sempre usar precisamente estas palavras nas quais por séculos um sentido depreciativo ficou estampado?
Mesmo na organização dentro da qual, como previamente suposto, os indivíduos tratam-se como iguais - isso acontece em toda aristocracia saudável - ela deve, se for uma organização viva, e não moribunda, fazer em relação a outros corpos, aquilo que os indivíduos dentro dela abstenham-se de fazer um ao outro. Deverá ser o Desejo de Poder encarnado, irá empenhar-se em crescer, ganhar terreno, atrair a si mesma e adquirir domínio - sem dever nada a nenhuma moralidade ou imoralidade, mas porque ela VIVE, e porque a vida É precisamente Desejo de Poder. Em nenhuma instância, entretanto, a consciência comum dos europeus está mais relutante em ser corrigida do que neste aspecto; as pessoas agora excitam-se em todo lugar, mesmo sob o aspecto de ciência, com condições vindouras de sociedade em que "o feitio explorador" estará ausente - isso soa aos meus ouvidos como se eles prometessem inventar um modo de vida que se abstivesse de todas as funções orgânicas. A "exploração" não pertence a uma sociedade depravada, ou imperfeita e primitiva, ela pertence à natureza do ser vivo como uma função orgânica primária; ela é uma consequência do Desejo de Poder intrínseco, que é precisamente o Desejo de Viver - Pensando-se nisso como teoria é uma inovação - como uma realidade ela é o FATO FUNDAMENTAL de toda história (...).
Nenhum comentário:
Postar um comentário